Dia treze de junho, neste sábado, é dia de Santo Antônio. Seu sincretismo na umbanda é o orixá Exu, o grande mensageiro, representante da falange dos exus e pombagiras. No dia de um orixá tão mal interpretado, viemos trazer algumas considerações sobre essa linha de entidades.
Em primeiro lugar, devemos separar os exus e pombagiras, espíritos trabalhadores da umbanda, do orixá Exu. Também conhecido como Bará, ele é o mensageiro dos orixás, fazendo a ponte entre a espiritualidade e nós aqui da terra. Sem sua energia de movimento e direcionamento, nenhum trabalho espiritual seria possível.
Regidos por esse orixá e por todos os outros, há os nosso guardiões, os exus. Dependendo da vibração do orixá para quem trabalham e da falange à qual pertencem, há diferentes “especialidades”, tarefas com os quais se identificam mais; mas todos são perfeitamente “habilitados” para realizar qualquer tipo de trabalho. São eles que desfazem feitiços pesados; muitos deles foram magos por diversas vidas, passaram por diversas culturas e acumulam grande conhecimento de magia.
Sempre há um exu responsável pela proteção espiritual e energética de um terreiro, a porteira; em muitas casas é possível ver seus pontos riscados e firmezas selando essa proteção. Dali só passa quem tem autorização, e é um bom costume saudar a porteira de qualquer terreiro que você visite.
Muitos exus, principalmente os da calunga, atuam com maestria nos trabalhos de desobsessão e resgate de eguns. Muitas casas fazem trabalhos muito intensos de desobsessão, envolvendo a manifestação de eguns e a doutrinação dos mesmos. A falange dos Exus Caveira, formada de espíritos muito antigos que já trabalham há muitos séculos, é muito ligada à calunga e ao umbral. Eles passam por áreas muito densas, cheias de obsessores muito mal-intencionados, para desmanchar trabalhos malignos ou desfazer processos de obsessão. Independente de terem uma personalidade séria ou mais brincalhona, todos os exus são dignos de muito respeito e confiança. Se receber um “puxão de orelha” ou uma bronca de um deles, aceite o conselho e ouça com atenção. Você pode estar falando com um grande amigo, mas é um amigo com muito mais experiência e sabedoria que você. Não duvide.
E as pombagiras?
As nossas guardiãs fazem parte da mesma falange e podem fazer todos os trabalhos que um exu faz, mas sua principal diferença é a vibração energética. Na sintonia das yabás, as orixás mulheres, as pombagiras trazem conforto para quem traz à consulta no terreiro questões emocionais. É muito mais fácil se abrir, desabafar, confiar em alguém com quem você se identifica. Uma mulher traída, deprimida, de coração partido, injustiçada ou desvalorizada pode encontrar em uma moça de vermelho uma amiga e conselheira, uma gargalhada que lhe inspire a positividade. A visão de que pombagiras foram prostitutas é muito limitada. Muitas podem ter sido, assim como foram rainhas, guerreiras, mães, sacerdotisas, bruxas.Todos nós vivemos diversas vidas e já fizemos as maiores barbaridades em nosso passado. Isso não é motivo para diminuir nossas guardiãs, de forma alguma. Também é errado resumir o trabalho delas em feitiços de amarração. Você pode até encontrar alguma que faça, mas não tenha dúvida de que o verdadeiro trabalho de amor é um só: o trabalho para o amor-próprio, e nesse elas são imbatíveis. Se seu coração está apertado, não somente por questões amorosas, pode ter certeza de que uma pombagira terá palavras de conforto.
Exus e pombagiras não são obsessores nem espíritos menos evoluídos; são guias de luz que merecem o mesmo respeito que qualquer outra falange da umbanda, pois estão trabalhando para a própria evolução e para a caridade assim como nós, encarnados. Sem a presença deles, nada seria feito no terreiro. Nesse dia 13 de junho, agradeça seus guardiões pela proteção. Agora mais do que nunca, com os desencarnes que têm acontecido e com os riscos de uma doença, devemos ser gratos pela proteção nas encruzilhadas dessa vida.